Reencontro
- João Miguel Carvalho
- 23 de jun. de 2017
- 2 min de leitura

Um sábado normal para Luís: jogo de futebol dos miúdos pela manhã, seguido do almoço com as famílias dos restantes elementos de equipa e, pela tarde, a ida habitual às compras com Teresa, sua mulher.
Os miúdos venceram, o almoço desta vez foi tolerável e até estava pouco trânsito na ida para o supermercado. Até que o vê. Tudo muda de figura quando Luís reconhece um rosto, ao virar na secção dos legumes. Parecia uma alucinação, como as que Luís tem quando abusa na bebida e precisa de Teresa para o levar para a cama.
– Querida, vai buscar vinho enquanto trato do resto da lista – pede Luís, aproveitando o facto de ela demorar séculos a escolher vinhos.
Assim que Teresa desaparece, Luís aproxima-se do rosto conhecido – Miguel? És tu meu irmão? – pergunta Luís enquanto lhe coloca a mão no ombro.
– Os meus olhos só podem estar a pregar-me partidas, Luís? – reage Miguel incrédulo ao que está à sua frente.
Os dois agarram-se fervorosamente, num abraço adiado por mais de 20 anos. E quando termina, Luís esmurra o peito de Miguel, mais num gesto simbólico do que de raiva.
– Então?! Para que foi isso? – interroga Miguel perante a súbita atitude.
– Onde estiveste este tempo todo? – questiona Luís.
– Depois de ter engravidado a Carla, o pai não deixou alternativa senão ir-me embora. Pegámos no que restou da herança do avô dela e fomos para a Dinamarca. Estive lá até agora, trabalhando como técnico de informática e ela como enfermeira. Somos 4 agora. Voltámos para cá assim que soube da morte do pai... caminho livre – explica Miguel.
– Nem um sinal de vida… hoje jantas lá em casa, temos muito que conversar e ainda não te perdoei! – esclarece Luís.
– Vou conquistar o teu perdão! – Afirma Miguel enquanto estende os braços para mais um abraço.
Edição: Pedro Espadinha
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