O melhor XI da Serie A
- Pedro Espadinha
- 19 de jun. de 2017
- 6 min de leitura

Tal como acontece no campeonato alemão, no caso do Bayern Munique, em Itália é a Juventus quem detém a hegemonia do Calcio.
A Vecchia Signora conquistou o seu sexto titulo de campeão consecutivo, tornando-se assim hexacampeã, ao qual juntou também a Taça de Itália (apenas falhou a conquista da Champions League, perante o Real Madrid). Um dos melhores conjuntos da europa neste momento, Massimiliano Allegri deu continuidade ao projeto sólido que tem desenvolvido à frente dos bianconeri, desde que chegou em 2014 para substituir Antonio Conte, e contou novamente com um plantel de topo. De destacar também a abordagem inteligente ao mercado de transferências no verão passado, com as contratações, por exemplo, de Gonzalo Higuain, ao Nápoles, ou do bósnio Miralem Pjanić, à Roma, sem deixar de mencionar igualmente a aquisição a custo zero de Dani Alves ao Barcelona.
Por sua vez, Roma e Nápoles completaram o pódio e, apesar das boas prestações ao longo da temporada de ambas as equipas, comandadas por dois excelentes treinadores – Luciano Spalletti e Maurizio Sarri, respetivamente – não conseguiram destronar o líder do campeonato, exemplificando que qualquer deslize pode ser fatal nas aspirações ao titulo.
Uma das grandes surpresas foi a Atalanta, que terminou a competição num magnifico quarto lugar, com 72 pontos conquistados. Esta foi, aliás, a melhor classificação do clube em toda a sua história, para além de ter carimbado o regresso às competições europeias 26 anos depois, sendo que irá disputar a Liga Europa na próxima época, com o italiano Gian Piero Gasperini ao leme.
Os históricos AC Milan e Inter voltaram a estar abaixo das expetativas, como tem sido recorrente nos últimos anos (longe vão as épocas de glória para os dois gigantes de Milão, principalmente para os rossoneri) e acabaram no sexto e sétimo lugar respetivamente. Porém, enquanto que o Milan terá a hipótese de disputar o acesso à Liga Europa, o Inter ficará arredado da Europa em 2017/18 e, mesmo com as contratações sonantes e o plantel interessante que montaram, desiludiram bastante - em apenas uma temporada, o clube mudou de treinador em três ocasiões.
No fundo da tabela ficaram Empoli (que tinha feito uma boa temporada na época anterior, com um décimo lugar conquistado), Palermo e o recém-promovido Pescara, que descem assim para a Serie B, a segunda divisão italiana.
No que toca aos destaques individuais, aqui fica o onze ideal da Serie A 16/17, desta temporada:
GR: Gianluigi Donnarumma (AC Milan) – não contabilizou tantos clean sheets (jogos sem sofrer golos) como o veterano ‘Gigi’ Buffon (Juventus) ou o polaco Wojciech Szczęsny (AS Roma) mas é impossível ficar indiferente a um miúdo que se estreou na equipa principal de um histórico clube como o AC Milan, em 2015, com apenas 16 anos, e que agarrou a titularidade (que na altura pertencia ao ex-Real Madrid Diego López). Para além disso, é o guarda-redes mais novo de sempre a jogar pela Seleção A de Itália e é visto como o sucessor de Buffon na Squadra Azzurra. Apresentando uma maturidade acima da média para a sua idade e reflexos notáveis para a sua altura, Donnarumma foi um dos grandes responsáveis pela classificação da equipa para as competições europeias e é uma das grandes promessas do futebol, sendo que a sua recente recusa em renovar com o clube italiano atraiu a atenção dos principais colossos europeus.
DE: Alex Sandro (Juventus FC) – O ex-Futebol Clube do Porto ingressou em Turim há dois anos e é hoje um dos melhores laterais esquerdos a jogar na europa. A jogar num sistema de quatro defesas ou numa posição mais adiantada, como um médio ala, o internacional brasileiro destaca-se pela capacidade em fazer o corredor todo, recuando para defender, mas também apoiando com frequência o ataque da equipa. Veloz e com uma capacidade técnica apurada, o brasileiro de 26 anos fez 3 golos e 4 assistências esta época.
DC: Federico Fazio (AS Roma) – após uma passagem desastrosa por Inglaterra, ao serviço do Tottenham (tendo sido consequentemente emprestado, em fevereiro, ao antigo clube, o Sevilla), o argentino chegou à capital italiana e impôs-se num sistema de três defesas, ao lado do alemão Antonio Rüdiger e do grego Kostas Manolas. O central de 30 anos realizou uma temporada excelente, extremamente competente a nivel defensivo. e foi o segundo jogador mais utilizado por Spalletti, apenas atrás do guarda-redes Szczęsny.
DC: Leonardo Bonucci (Juventus FC) – o internacional italiano de 30 anos tem vindo a formar com o companheiro Giorgio Chiellini uma dupla de sucesso no centro da defesa bianconeri. Um dos centrais mais inteligentes a jogar na europa, Bonucci destaca-se pela sua qualidade de passe e leitura de jogo e, apesar de não ser tão bom defensivamente como o compatriota de setor, é muito mais completo, sendo já uma das grandes figuras da hexacampeã italiana, onde fez 3 golos esta época.
DD: Andrea Conti (Atalanta BC) – um dos elementos em destaque na equipa surpresa desta edição da Serie A, o lateral direito jogou mais adiantado, fruto do sistema de três centrais aplicado por Gasperini, e destacou-se pela sua velocidade e pulmão, que lhe permite 'preencher' o corredor direito. Com 8 golos marcados e 4 assistências, o italiano de 23 anos captou a atenção dos principais clubes do país transalpino e não seria surpresa que se mudasse este verão. Apesar do estatuto de Dani Alves, que chegou a Turim como um jogador livre, o brasileiro participou apenas em 19 partidas para o campeonato, face aos 33 jogos realizados por Conti.
MC: Radja Nainggolan (AS Roma) – um exemplo de raça e combatividade, o belga de 29 anos é o operário no meio-campo dos giallorossi, sendo capaz de desempenhar qualquer papel no setor intermédio (e até de jogar mais descaído sobre uma das faixas, no apoio ao ponta-de-lança). Extremamente completo, quer a nivel físico, quer a nivel técnico, o internacional belga é um dos melhores médios na europa e um elemento imprescindível, que acrescenta agressividade, poderio físico e qualidade de passe e drible ao conjunto da capital, tendo marcado 11 golos e realizado 4 assistências esta temporada.
MC: Marek Hamšík (SSC Napoli) – o internacional eslovaco é um autêntico líder em campo dos Gli Azzurri, onde joga desde 2007. Apesar de conseguir desempenhar qualquer função no meio-campo, o centrocampista de 29 anos joga habitualmente atrás do ponta-de-lança onde faz uso da sua visão, qualidade de passe e remate fortíssimo. Esta temporada fez 12 golos e 11 assistências e ajudou a equipa a terminar no terceiro posto da liga, garantindo a qualificação para a Champions League.
EE: Lorenzo Insigne (SSC Napoli) – 1.63m de virtuosismo e técnica pura, o italiano de 26 anos é o titular no lado esquerdo do ataque da equipa de Sarri. Com uma marca impressionante de 18 golos e 9 assistências, Insigne é rapidíssimo e extremamente ágil (fruto também da sua estatura física) e, apesar de poder jogar em qualquer posição na frente de ataque, prefere partir do flanco esquerdo, de onde pode deambular para o centro do terreno e aplicar o remate com o seu pé mais forte, o direito.
ED: Mohamed Salah (AS Roma) – o internacional egípcio foi uma das grandes figuras da equipa romanista esta temporada. Com 15 golos e 13 assistências, o extremo de 25 anos é predominantemente conhecido pela sua velocidade de ponta, mas possui igualmente recursos técnicos que lhe permite ultrapassar os oponentes diretos com facilidade e aparecer em zonas de finalização, quer para assistir os companheiros quer para disparar contra a baliza adversária. Apesar da experiência menos positiva ao serviço do Chelsea, onde ingressou em 2014 oriundo dos suíços do Basileia, o esquerdino parece ter ganho nova vida em Roma, o que motivou a compra ao clube inglês por um valor a rondar os 15 milhões de euros.
PL: Dries Mertens (SSC Napoli) – o belga de 30 anos realizou uma época estrondosa ao serviço do Napoli. Apesar de jogar habitualmente como extremo do lado esquerdo, Mertens assumiu um papel de ‘falso 9’, aproveitando a lesão do principal avançado, o polaco Milik, em outubro. E a prestação do belga deu frutos: marcou uns incríveis 28 golos, aos quais juntou 11 assistências, e terminou a época como o segundo melhor marcador do campeonato, na equipa com mais golos marcados na Serie A esta temporada. Para além da velocidade e técnica que lhe é característica, revelou um sentido de oportunidade e destreza na finalização que não lhe eram reconhecidos, tendo sido, claramente, o melhor jogador da equipa este ano.
PL: Edin Džeko (AS Roma) – o bósnio de 31 anos foi o melhor marcador desta edição da Serie A, com 29 golos em trinta e sete partidas. O ponta-de-lança, que já tinha chegado há dois anos proveniente do Manchester City, mas que só o ano passado se tornou definitivamente jogador da Roma, fez parte da segunda equipa mais goleadora da Serie A e foi uma figura importante para Spalletti, tendo sido um dos elementos mais utilizados pelo agora treinador do Inter.
Edição: Catarina Custódio
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