SÉRIE DA SEMANA #6

Catarina Custódio
20 de jun. de 2017
3 min de leitura

Apesar da sua primeira temporada ter sido exibida em 2016, apenas recentemente foi confirmada uma segunda temporada, que regressa somente em 2018. Falou-se de que seria como Game Of Thrones e foi desde logo classificada como um sucesso. Esta semana falo de Westworld.

A série da HBO, conta, nesta primeira fase. com 10 episódios e é estrelada por Evan Rachel Wood (como Dolores Abernathy), Jeffrey Wright (Bernard Lowe), Thandie Newton (Maeve Millay), Anthony Hopkins (Robert Ford) e Ed Harris (como o Homem de Preto). Mas estará no mesmo patamar de GOT?

Lamento, mas para mim não há amor como o primeiro e, sem querer desclassificar todo o maravilhoso trabalho de produção e interpretação em Westworld, parece-me impossível colocar em paralelo dois enredos tão distintos.

Em Westworld, a história está localizada num futuro avançado tecnologicamente, na qual existe um parque temático (que dá o nome à série) no qual o Old West é simulado. Quando lemos esta primeira passagem pensamos em quê? Realidade virtual, digo eu. Pelo menos a mim pareceu-me. E até podemos considerar que seja, no entanto, a mensagem da série, baseada no filme homónimo de 1973, escrito e dirigido pelo norte-americano Michael Crichton, que conta, em primeira instância, as histórias associadas aos “Hosts” (robôzitos semelhantes a humanos que povoam o parque e proporcionam experiências maravilhosas aos convidados/clientes.)

Estas histórias são contadas na perspetiva dos "hosts", na primeira pessoa, e surgem na série como memórias que, não era de todo suposto terem. É aqui que tudo começa, quando os robôzitos, ou androids, ou o que quer que lhes queiram chamar, se começam a lembrar da crueldade humana praticada no parque para satisfação de necessidades inerentes aos convidados. Falamos de um parque onde qualquer pessoa pode ser o que quiser. O convidado paga (e não deve ser tão pouco quanto isso), veste roupa temática, entra no parque e é envolvido numa narrativa criada informaticamente nos “hosts” para ter a experiência mais completa possível, sendo que se pode: matar, violar, comer à fartazana, entrar em guerras, roubar, destruir, e tudo o resto que vos possa passar pela cabeça, isto tudo sem o risco de morrer ou ficar ferido (sendo que os “hosts” estão programados para não matar ninguém para além dos seus conterrâneos).

Maravilhoso, não é? Acreditem. É mesmo. Digamos que esta mistura de ficção científica, drama, thriller, ação/aventura e faroeste, nas mãos de Jonathan Nolan e Lisa Joy (realizadores) e de Bryan Burk, Jerry Weintraub e J. J. Abrams (produtores) rendeu 6 indicações a prémios cinematográficos : duas ao Satellite Awards 2016 (uma das quais vencida por Evan Rachel Wood como Melhor Atriz em Série Dramática), três ao Critcs’ Choice Television Awards 2016 (das quais duas foram vencidas por Evan Rachel Wood como Melhor Atriz em Série Dramática e por Thandie Newton como Melhor Atriz Coadjuvante em Série Dramática) e , por ultimo, a indicação de Paul Cameron pelo episódio “The Original” ao American Society of Cinematographers.

Se valorizo esta série e acho que vale a pena ceder tempo a vê-la? Não. Vale sim a pena ceder tempo a admirá-la. Estamos a falar de um sucesso (nunca igual a GOT, pelo motivo explicado acima) mas pelos valores que ressalvam em nós.

Apesar da quantidade de lixo que nos é apresentado (em termos audiovisuais) diariamente, está série soa a “lufada de ar fresco” pelos temas (aparentemente clichês) que traz para debate público. Dás contigo a pensar “até onde tu… como te conheces… eras capaz de ir?”. É uma pergunta taboo, que sem certezas, ninguém é capaz de responder.

Vejam-na e testem-se! É merecido, e garanto que os minutos perdidos a ver planos e enquadramentos cinzentos vão compensar pelo climax final.

Westworld está classificada no Rotten Tomatoes com 89% e no IMBD com 9.0/10.

Em Portugal, a série foi emitida pelo TV Séries.

Assiste ao trailer da primeira temporada: