História do Hip Hop Tuga #4
- Sofia Antunes
- 21 de jun. de 2017
- 3 min de leitura
Esta semana, A Caixa apresenta-te um grupo do Porto que marcou a história do Hip Hop nacional: Mind da Gap.
Mind da Gap foi uma banda constituída em 1993 por três elementos: Ace, Serial e Presto.
Em 1997, quando o Hip Hop português dava os seus primeiros passos, os MGD lançaram o seu primeiro álbum ‘Sem cerimónias’.
Após este álbum, a banda publicou vários outros álbuns, dos quais destaco ‘Suspeitos do Costume’, por ter alcançado disco de prata a nível nacional, um feito histórico no Hip Hop nacional. Neste álbum estão presentes músicas conhecidas do público, tais como ‘Bazamos ou Ficamos?’ e 'Invicta'.
Mind da Gap - Não Pára (feat. Valete)
Uma das músicas que mais marcou esta banda foi ‘Não pára’ que contou com a presença do artista falado na primeira edição desta rubrica, Valete.
O apoio da RTP na partilha do Hip Hop nacional é essencial para a aceitação e maior difusão deste estilo musical – embora se trate de uma música publicada no álbum 'A Essência', de 2010, a verdade é que o Hip Hop só nos últimos anos se tornou algo mais aceite pelo público em geral.
Na música, os artistas tentam passar a imagem de que o importante é criar e espalhar mensagem pelos ouvintes, como Ace diz:
O hip hop não tá morto sou a prova disso
vivo eu nem insisto em fazer disto o próprio ar que respiro,
comida que ingiro, degiro o residuo que defecto,
em quem afirma que este é um estilo abjecto
A banda rejeita veemente as pessoas que consideram o Hip Hop como algo desprezível ou baixo nível e deixam claro que não abandonam o movimento para algo mais comercial: ‘tentam desviar-nos da rua para uma avenida pop’.
Ace refere-se ainda ao Hip Hop, afirmando que o ‘movimento não pára segue sempre abranda um momento mas quando arranca é para a frente’ , algo muito próprio do estilo urbano que está sempre em evolução e constante influência do que se faz no estrangeiro.
A participação de Valete vem abrilhantar a música com o seu flow e forma eloquente de exprimir:
Eu ouvia quando dizias que o hip hop era só para escumalha
gentalha africana que só emporcalha não trabalha fornalha
e insana que só trabalha e não desencalha
nos bolsos só marijuana mortalhas e navalhas
E termina a música dizendo que que o Hip Hop é sinal de liberdade e que os pais que criticam agora têm que aceitar que os filhos ouvem a sua música!
Mind da Gap - Bazamos ou Ficamos?
A música ‘Bazamos ou Ficamos?’ teve muito sucesso no ano de lançamento (2002) pela sua mensagem descontraída que indicia o charme e sedução na conquista de uma mulher.
A utilização do calão foi generalizada com a banda, e bem patente nesta música em específico:
Mas meninas
Ficam sempre na linha
Cinta fina
Perna desenhada
E pele genuína
Mulheres independentes
Não queiram só o "plim-plim"
O brilho do "guito"
Ao qual dariam um bom fim.
Penso que a música tem muito pouco que falar e aconselho apenas, para aqueles que nunca a ouviram, que oiçam, e aos outros que já ouviram, aproveitem este momento para recuperarem a memória de uma das músicas mais ouvidas da banda.
Mind da Gap - És onde quero estar (feat. Sam the Kid)
Num registo um pouco diferente daquele a que a banda nos habituou ao longo dos anos, em 2013 os Mind da Gap surgem ao lado de Sam the Kid, outro artista já falado nesta rubrica, conhecido e muito acarinhado pelo público.
Uma música mais emocional, que ficou conhecida pelo refrão:
Não percebes que eu não
Consigo esperar mais tempo em vão
O que é que sentes? Borboletas
O que é que sentes? Borboletas
Borboletas, Borboletas, Borboletas, Borboletas
Será importante lembrar que a música está muito bem escrita liricamente, e é sem dúvida uma das minhas músicas preferidas do grupo (talvez porque Sam the Kid também ajuda na soma!).
Na música, os artistas tentam mostrar a fase que consideram mais interessante no relacionamento: a conquista, e mostram-no de forma subtil mas muito carinhosa:
Passam horas e eu não sei se ligue, não se devo, é muito cedo
Será que escrevo e digo que gosto dela, e gostava de avançar o nosso enredo
Ela antecipa-se e mandou-me um toque disse que ta cá fora vem depressa
E eu na maluquice saio em rebolisso, dou-lhe eu kiss e ela vice-versa
Minha visão ficou dispersa, mirei no muro duas silhuetas
Bem carentes, bem caretas, o que é que sentes? Borboletas
Como adepta ferverosa do hip hop old school deixo-vos ainda algumas sugestões ou memórias (para quem acompanhou a banda) de músicas que marcaram a história dos Mind da Gap!
De ressaltar que Ace continua no ativo, agora num registo a solo, e as suas músicas estão também a dar que falar.
Edição: Pedro Espadinha
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