Crónicas de Portugal Contemporâneo #5
- Sofia Antunes
- 12 de jun. de 2017
- 2 min de leitura
‘Febre da Primark’
Faço um esforço por entender as novas modas. Mas aquela de comprar roupas na Primark não me convence.
No outro dia num café entre amigas ouvi uma delas dizer que ia à Primark todos os meses e encontrava sempre peças giríssimas.
Parei para pensar uns segundos. Serei eu a única que não encontra uma única peça de roupa minimamente engraçada na maldita loja? Talvez esteja a procurar mal. Ou talvez deva aumentar a graduação dos meus óculos.
Mas também, sejamos sinceros: é difícil encontrar o que quer que seja na Primark. Onde metes a mão, sai uma escova de dentes, um vaso com flores, umas meias e umas chicletes sem açúcar. E tu só querias uma camisola bonita para combinar com os calções que compraste na Zara.
A organização da loja não é das melhores, e também, a forte afluência de pessoas não facilita o trabalho dos empregados, que tentam (em vão) pôr ordem naquela feira, que é quase equiparável à Feira do Relógio.
A forma como a loja está organizada faz lembrar os trapos para corte e costura que se compram nas retrosarias e, sinceramente, não é convidativo comprar uma saia cujos primeiros dez números que encontramos são o XL ou o duplo XL…
Como posso levar a sério uma loja que vende vestidos e roupas ‘in’, se umas prateleiras à frente exibem pantufas da Disney, chocolates rascas, piaçabas cor de rosa e toalhas de praia com frases do tipo 'I'm sexy and I know it'.
Já tentei várias buscas, por várias vezes rendi-me à tendência feminina da visita mensal à Primark. Mas (in)felizmente saio sempre de mãos a abanar - não pelo preço dos seus produtos, porque nisso a loja é a rainha dos preços baixos - mas porque nunca encontrei nada que me deixasse profundamente apaixonada e a sentir-me uma verdadeira shopaholic.
Será que um dia me vão fazer mudar de ideias em relação a esta loja? É que me sinto tão hipster por não pertencer ao grupo de pessoas que compram roupas giras na Primark... E eu que pensava que andava na moda!
Edição; Pedro Espadinha
Fotografia : Carlos Ratinho
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