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Sangue Novo

  • Pedro Espadinha
  • 7 de jun. de 2017
  • 3 min de leitura

O papel de treinador em Portugal é um caso paradoxal.

Por um lado, é evidente a qualidade e potencial na formação de treinadores em território nacional, e nomes como, por exemplo, Leonardo Jardim (que esta temporada quebrou a hegemonia do PSG e conquistou a Ligue 1 com o Mónaco), ou Marco Silva (que, após bons desempenhos no Olympiakos e Hull City, estará à frente do Watford na próxima época), têm vindo a ganhar cotação a nivel internacional, despertando a cobiça de clubes de maior dimensão.

Por outro lado, a aposta em treinadores novos é escassa. Em clubes de primeira liga, os escolhidos são sempre os mesmos. Manuel Machado, José Mota, Domingos Paciência... Estes são alguns dos nomes “habituais” no nosso campeonato, e que, mesmo com sucessivos desaires, continuam a conseguir um cargo em clubes de média-pequena dimensão em Portugal.

Pouquíssimas equipas apostam em treinadores jovens, preferindo contratar alguém com experiência e créditos firmados no principal escalão. Se em países como Alemanha ou Espanha costuma haver uma aposta a longo prazo em técnicos jovens e promissores, aposta essa assente também em projetos estáveis e concretos, em Portugal o que interessa é o momento. Resultados imediatos são cruciais e, portanto, não existe margem para arriscar.

Contudo, tem se assistido recentemente a uma tentativa de inverter esta situação e o exemplo disso mesmo surge sob a forma de três nomes: Ricardo Soares, Daniel Ramos e Nuno Manta.

O trabalho desenvolvido no Vizela, entre 2015 e 2016, catapultou Ricardo Soares para a primeira liga, assumindo o Desportivo de Chaves na temporada transata, após a saída anunciada de Jorge Simão para o SC Braga, a 17 de dezembro. Os flavienses terminaram na 11ª posição do campeonato e chegaram às meias-finais da Taça de Portugal, caindo perante o Vitória de Guimarães. No entanto, Ricardo Soares revelou no final da temporada a sua saída do clube para comandar o recém-promovido Desportivo das Aves, deixando alguma curiosidade em saber como se irá desenrolar a época do clube nortenho.

No dia 25 de setembro, estreou-se Daniel Ramos à frente do Marítimo, proveniente do Santa Clara. Substituindo Paulo César Gusmão, que durou apenas cinco partidas à frente dos insulares, Daniel Ramos conduziu a equipa a um excelente sexto lugar, resultado que dá acesso à terceira pré-eliminatória da Liga Europa, um percurso notabilizado também pelos empates frente a Sporting CP e FC Porto e pelas vitórias diante de SC Braga e SL Benfica. Uma campanha interessante, desenvolvida pelo técnico de 46 anos, que quererá dar continuidade às boas prestações do clube insular.

Já o caso de Nuno Manta diferencia-se pelo facto de não ter aterrado na primeira divisão vindo de um escalão inferior. Nos quadros do Feirense desde 2010, o técnico de 38 anos assumiu o comando da equipa principal a meio da época, após um trabalho aquém de José Mota (o facto de continuar a ter pretendentes é no mínimo surpreendente). A equipa de Aveiro vinha de cinco derrotas consecutivas, ocupando o penúltimo lugar da tabela classificativa, tendo Nuno Manta conseguido dar a volta e conduzido o clube a um histórico oitavo lugar.

Estes são apenas três exemplos de situações, até ao momento bem-sucedidas, em que a aposta em treinadores, supostamente inexperientes, deu frutos e provou que, se existir qualidade, deve ser dado um voto de confiança. É preciso tempo e alicerces, algo que os clubes não têm providenciado, sendo que ao mínimo deslize voltam a contratar os de sempre. Há que combater este paradoxo pois, tal como os casos mencionados e os técnicos que, nos últimos anos, se destacaram no estrangeiro demonstraram, existe qualidade em terras lusas. Há é que saber aproveitá-la.

Edição: Catarina Custódio

Imagem : ABola

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© 2017 por Catarina Custódio. Logótipo de Carlos Ratinho. 

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