Madrid, a minha cidade de Erasmus

Mariana Picoto
26 de mai. de 2017
4 min de leitura

Tudo começou com uma enorme vontade de “mudar de ares”, a fome de me aventurar numa nova experiência. Sinceramente, queria pôr-me à prova.

De entre várias opções de destino, como Valladolid, Roménia, Salamanca e Polónia, a predileta foi a cidade de Madrid. A verdade é que não era um destino completamente desconhecido, já lá tinha estado cerca de três dias, no entanto acredito que não foram suficientes para ver tudo aquilo que queria e o “bichinho” de conhecer o resto foi ficando.

Madrid sempre me encantou por ser uma cidade que nunca dorme, por ter bastante movimento. Confesso que também sempre quis aprender a falar a língua castelhana.

Lancei-me nesta aventura com mais quatro colegas, infelizmente tivemos de nos dividir porque era difícil arranjar casa para cinco e em termos de logística, a divisão era a única opção. Fiquei numa casa com mais duas colegas, a cerca de 10 minutos da tão famosa Gran Via (centro de Madrid).

Ao início a adaptação foi complicada, é estranho mas as saudades de casa e da família começam logo a apertar-nos o coração mais ou menos a partir da segunda/terceira semana. É um sentimento comum que as minhas colegas também partilhavam.

Para quem sempre viveu com os pais, o facto de termos de nos “virar” sozinhas num outro país, sem apoio presencial dos nossos, também é um processo que custa um bocado, apesar de que aos poucos a habituação vai crescendo de forma gradual. Admito que muitas foram as lágrimas deitadas, passavam-me mil e uma coisas pela cabeça, era um misto de sensações. Queria estar em Madrid mas ao mesmo tempo queria voltar para Lisboa.

Depois de começar a encaixar-me melhor na cidade que me acolheu, comecei também a encarar a experiência de outra forma. Não podia ser injusta comigo própria por ter tido esta oportunidade única na vida e ainda estar com um pé em Portugal. Já com os dois pés em Madrid, digo com todas as certezas que foi a melhor experiência de sempre! Não dá para explicar, é algo que se pudesse repetia vezes sem conta, sem sequer repensar.

Apesar de Madrid ser muito pertinho e, de alguma forma, ser uma cidade um tanto parecida com Lisboa, é de facto gratificante poder ir estudar para um país diferente, com outra cultura, outra língua, conhecer pessoas novas, interagir com pessoas de outras nacionalidades, visitar lugares inimagináveis, experimentar novas comidas. Durante esta estadia sabemos que a liberdade cresce e somos ainda mais donos de nós próprios! E pelo meio desta experiência ainda temos a vantagem de podermos conhecer outras cidades a preços acessíveis e com grupos de pessoas de todas as partes do mundo através de agências dedicadas a estudantes de Erasmus. Eu, por exemplo, estava inscrita na ESN (Erasmus Student Network) que existe em vários países e com quem fui até Barcelona passar dois dias. Confesso que em dois dias é, de todo, impossível vermos tudo com calma, teria de ter lá ficado pelo menos mais três ou quatro no entanto, consegui ver o principal.

Agora olho para trás e dava tudo para poder voltar a ter novamente esta oportunidade, nem que fosse tudo novamente igual. Cresci imenso como pessoa a nível profissional, pessoa e emocional, voltei uma Mariana diferente relativamente à forma de eu ver o mundo e lidar com as pessoas. Erasmus não é só festa, bebedeiras e passeios, é muito mais que isso, é uma lição de vida, é uma constante aprendizagem e é uma recordação que, passem os anos que passarem, ficará para sempre, positivamente marcada.

Para quem está a pensar fazer Erasmus mas tem algum receio, aconselho a que não pensem e libertem-se, arrisquem. O medo do desconhecido é perfeitamente normal e aceitável, mas também é algo que pode e deve ser totalmente mudado. As pessoas arrependem-se mais por coisas que não fizeram do que por coisas que não fizeram e esta é uma oportunidade única, poder fazer algo assim é uma bênção!

E para quem tem em mente visitar Madrid, ou até mesmo quem (tal como eu) quer voltar, aqui ficam alguns registos dos sítios mais bonitos que conheci e que levarei sempre comigo.

Aconselho vivamente a visitarem:

Salvador Bachiller – uma loja de roupas, calçado e acessórios que, nos últimos pisos, é um bar com várias divisões e com uma decoração única e diferente, dando-nos a sensação de que estamos numa floresta tropical. Tem uma ementa cheia de pratos e bebidas deliciosas servidos de uma forma original.

Círculo de Bellas Artes – um rooftop numa universidade com uma vista incrível e quase panorâmica sobre Madrid. A decoração é muito gira e tem uns bancos super confortáveis onde podemos, inclusive, deitarmo-nos e apanharmos sol.

Restaurante Indiano Bombay Masala – um restaurante com comida típica da Índia onde cheguei a ir bastantes vezes. Ou se pede o que se quer da carta, ou escolhe-se o menu (na altura era 10.50€) com tudo incluído – entradas, prato principal, sobremesa e bebida. Já fui a muitos indianos mas confesso que este ficou-me na boca!

Discoteca Opium – para quem gosta de um ambiente descontraído mas igualmente divertido e com música intemporal, o público do Opium é pessoal assim mais velho (25 – 35 anos).

Teatro Kapital – uma discoteca com 7 pisos… Sim, 7 pisos! Basicamente cada um com um género de música diferente e quase todos os pisos são “abertos”, ou seja, a discoteca basicamente é um antigo teatro que foi renovado. Há uma parte que é só de karaoke e o último piso é ao ar livre e é mais uma onda de chill out.

Sidreria El Tigre – Dios mio! Aquilo é que era comer! Um género de “taberna” antiga e típica onde se pede uma bebida (sangria ou cerveja numa caneca gigante) por 5€ e oferecem-nos as mais variadas tapas. Tanto dá para tapearmos como também para almoçarmos ou jantarmos porque de facto as quantidades são grandes e ficamos mais que satisfeitos.

Ático The Principal Madrid Hotel –Á Mais um rooftop com uma bela vista, apesar de não ser tão boa quanto a das Bellas Artes. A decoração também é acolhedora.