"Obrigada"
- João Miguel Carvalho
- 18 de mai. de 2017
- 2 min de leitura

Perdi a oportunidade de te agradecer. Desde o primeiro momento em que te vi, deveria ter sido a primeira palavra dita. Lembro-me perfeitamente desse dia, até porque antes de te conhecer, tudo me corria mal.
Tinha vindo à rua para fumar um cigarro, mas cabeça a minha, esqueci-me do isqueiro. Tudo mudou, quando me ofereceste lume.
Fiquei fascinado. Eras tudo o que nunca tinha visto antes. Num simples ato mostras-te logo a tua determinação.
Foste sempre um pouco dura nas palavras, mas vejo hoje que sempre pretendeste tornar-me um homem melhor. Graças a ti cresci muito, gostava de saber que fiz o mesmo por ti, mas ambos sabemos que não fui capaz de fazê-lo.
Recordo perfeitamente a primeira vez que te levei a jantar, àquele restaurante requintado no Parque das Nações. Quando te fui buscar a casa, eras a mulher mais bonita que eu já tinha visto. Com esses teus cabelos dourados, olhos meigos de um azul mergulhado em verde.
E se isso não bastasse para me arrebatar, levaste um vestido preto de seda que te assentava na perfeição. Recordo a doçura dos nossos gestos, recordo também que a meio do jantar fiz pouco da tua estatura. Foi o meu jeito de te provocar. Respondeste assertivamente “as grandes mulheres não se medem aos palmos, com o tempo vais perceber isso”. Foi imediato. E com a mesma naturalidade com que se adormece, apaixonei-me por ti.
Não tardei a amar-te. Mais tarde, correspondeste-me.
Lembras-te daquele domingo chuvoso, em que deitados na cama, me puxaste e sussurraste gentilmente: “Eu amo-te, sabes?”. Fiquei surpreso, mas retorqui “Também te amo, tanto que até me assusta”.
Para mim, é a altura certa. Espero que o anel que trago no bolso seja suficiente para agradecer o amor que me tens dado. Espero que seja suficiente para te agradecer o homem que me tornaste. Responde-me que sim, e eu faço de ti, o que fizeste de mim, uma pessoa feliz.
Edição: Catarina Custódio
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